quinta-feira, 25 de outubro de 2012

FRAGMENTOS V (Os Deuses iluminam os vencedores e protegem os vencidos) - Texto; Jesuito Bernardo – Brejão, 23/10/2012

Jesuito Bernardo

          Passada a batalha, colhe-se os louros ou planta-se a dor das desilusões. Vivenciando-se a guerra não nos permitimos à dor da derrota, pois é próprio da condição humana.  Os sonhos são ao longo construídos como se não houvesse o amanhã.

          Qual de nós em algum momento não fomos surpreendidos pela força oculta de nossos oponentes, em que muitas vezes os subestimamos?. Os valores não se justificam se explicam. Mas há como consolo a luta sem trégua, sem subterfúgios, sem golpes, não a luta dos ímpios.  
    
       A vida permite a uns a glória a outros a desventura. E assim nos revés da vida cultive a bem-aventurança da prática do saber perder assim como do saber ser vencedor. Pois amanhã não sabemos de que lado à vida nos coloca. Quem um dia se sentido vencedor não quis pisotear os inglórios, esquecidos que o amanhã é infalível e cruel, em suas ardilosas armadilhas, expelidos pelo sentimento de vingança. Doce sabor dos medíocres.

          O cantar dos que vencem enchem os ares de um multicolorido sonoro, enquanto os vencidos cantam um cântico sofrido e dolente. É por isso que os vencidos silenciam enquanto os vencedores cantam.

          Os vencedores são premiados no limbo das glórias celestiais. Os vencidos estão fadados a uma condenação solitária. Resta-lhes, aos primeiros, a sabedoria dos dotados em saber respeitarem os vencidos, enquanto estes, o reconhecimento sem mágoa e rancor pelos seus infortúnios.

           Há numa contenda os vencidos e os vencedores, nunca os derrotados, pois assim assumidos, quem se entrega, quem se aniquila, quem não se insurge com a perda da batalha, não merece soerguer das cinzas e virem a o novo campo de lutas.      

           Entretanto a dor da perda tem como conforto a desculpa nos erros e equívocos. Os vencidos sofrem e resta-lhes apenas a dignidade da luta, o acreditar nas suas convicções e ideias. Já os vencedores têm como amparo a glória e um futuro, embora desconhecido e desafiador. Daí há a razão de que os deuses iluminam os vencedores e protegem os vencidos.              
       

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