Vereador Cabeu: O discurso que não pode ser lido
Vereador Lucivaldo Tenório (CABEU) |
No ato de eleição, dia 1º, e posse da nova Mesa Diretora da Câmara de
Vereadores, juntamente com a posse do novo Prefeito, o Vereador Lucivaldo
Tenório (Cabeu), trazia no bolso seu discurso que deveria ser pronunciado por
aquela ocasião, no entanto, o ambiente não lhe foi favorável, não apenas para o
mesmo, mas também para seus colegas de bancada, que diante das circunstâncias o
obrigou a não fazê-lo. Daí nos solicitou que o divulgasse em sua íntegra:
Discurso da Posse do
Vereador Lucivaldo Tenório Pinto:
Hoje é um dia de festa! Festa da democracia que é a
institucionalização da Liberdade! Que é o regime que tem como base os direitos
fundamentais do homem. Que nos possibilita eleger nossos representantes, pelo
voto.
A palavra “Vereador” etimologicamente vem do verbo
“verear” que significa a pessoa que
“vereia”, sendo aquela que tem como obrigação zelar pelo interesse dos
munícipes e suas necessidades, através da elaboração de normas, leis e
solicitações.
A poetisa Adélia Prado disse em um dos seus textos: “Eu se
fosse governo, subia num tamborete, batia palma e gritava bem alto pra todo
mundo escutar. Quando todo mundo ficasse quieto pra ouvir eu dizia que programa
administrativo só funciona com muita ajuda. Não ia fazer nada sozinho. Conferia
numa assembleia que não ia ter recesso enquanto não me dessem, por escrito
quantos meninos sem escola, quantos pais de família sem emprego, quantos homens
e mulheres, sem saúde, sem alegria. Quando estivesse tudo isto no papel dava
meia hora de descanso e ia de novo presidir até eles arranjarem um jeito de
acabar com esta tristeza.
Desta forma, não consigo pensar em melhor programa que este
da poetisa.
Em primeiro lugar temos de ser capazes de trazer todos os
segmentos da sociedade para este diálogo: Sindicatos, associações de moradores,
entidades da sociedade civil, grupo de defesa das minorias, os intelectuais, em
especial, aqueles aos quais faltam as mais básicas necessidades para uma vida
digna. Porque é muito distinto falar e ser ouvido, é até relativamente fácil
dar direito palavra a todos, já ouvir aquilo que é dito por quem usa deste
direito exige um degrau a mais de dedicação.
Certamente,
precisaremos de muita coragem. Não a coragem dos fortes, mas sim a dos justos;
Não a coragem da valentia, e sim a coragem da humildade, da sinceridade e da
generosidade. Falar sobre isto é mais simples do que fazer. É por isto que
gostaria de voltar ao “programa de
Adélia Prado”.Em primeiro lugar a poetisa nos diz que precisamos estudar a
situação, levantar exaustivamente os dados que demonstram o tamanho da nossa
missão, a imensidão da nossa dificuldade em atingir o mais básico dos
objetivos, que é garantir uma vida digna para todos que habitam nesta Cidade.
Porque saber servir é uma tarefa de humildade, muito mais do que competência.
Sobretudo, é ter ideal, coragem e dedicação.
É neste
cenário, que, protagonistas e figurantes, a partir do programa traçado pela
poetisa, que se tem de pensar o processo Legislativo. Não pensar apenas como um
processo industrial, no qual em uma ponta entra um projeto de lei e no outro
sai a lei pronta só cumprindo um trâmite burocrático. Mas discutirmos o problema,
projetando e dando possíveis soluções, sobre o qual todos nós Brejoenses vamos
falar, ouvir o que os outros tem a dizer, ou seja, se debruçar sobre ele
estudando-o para lá no final chegar o objetivo: que é o esforço de construir, a
cada dia, com todos os homens e mulheres
o futuro de uma cidade mais justa digna e Feliz.
Desde o
período colonial até a república, as câmaras municipais encaminharam nosso povo
àquilo que hoje entendemos por democracia num estado de direito.
Essa
destinação de nosso legislativo municipal com certeza foi traçada por algo
superior a regimes e ideologias, tanto que encontramos no artigo 167 da
constituição imperial, algo que se repete até hoje e oxalá os netos de nossos
netos, possam usufruir: ou seja, sempre por eleição em todas as cidades e vilas
ora existentes, e nas mais que no futuro se criarem, haverá câmaras municipais,
as quais se destinam funções de harmonia e trabalho, na magnitude da vereança.
O futuro se faz todos
os dias, num processo permanente.
Portanto, hoje, que
tomamos posse no honroso cargo de vereadores da cidade, cargo que a população
nos delegou, como representantes do povo de nossa querida cidade de Brejão,
vamos trabalhar juntos, discutindo e pensando temas como desenvolvimento
econômico, preservação ambiental, mediante uso de tecnologias
limpas,planejamento urbano, desenvolvimento social, participação na formulação
de políticas públicas e valorização da diversidade cultural, que são dimensões da sustentabilidade.
Ricardo Monteagudo, em seu livro “A Concepção do Legislador em Jean
jacques diz:“O Legislador representa o mais alto grau de compreensão de um
corpo social a respeito de si mesmo e por isso está além dos conflitos
envolvidos e expressam a realidade do interesse comum”.
Que possamos ser
capazes de permanecer lúcidos e firmes no nosso propósito de olhar para o outro
e não para nós mesmos, de ouvir, respeitar e criar vínculos que se façam
necessários para o melhor desenvolvimento desta maravilhosa cidade Batizada de
Brejão.
Feliz Ano Novo, Que Deus os Abençoe,
Discurso Do Vereador eleito Lucivaldo Tenório Pinto
Brejão, 01- 01- 2013
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