FRAGMENTOS VI (Do drama do Prefeito Ronaldo) – Texto: Jesuito Bernardo

                  Comprometido até o pescoço com o grupo político que o elegeu, o qual o ajudou a tomar o poder das mãos do que chamamos “era dos Cadengue”, com mais de vinte anos de mando, o Prefeito Ronaldo Ferreira  tem comido o “pão que o diabo amassou”, nesse inicio de mandato.

                 Embora não tanto dos problemas que tem encontrado envolvendo particularidades da herança recebida, isto talvez não deva estar lhes tirando o sono. Bem sabia que seria assim os compromissos que são obrigados a assumir por conta de sua investidura como gestor. Mas logo de saída se viu obrigado a amargar com o aumento da folha de pagamento, onde os Secretários tiveram um aumento de 100%, e consequentemente os demais cargos de confiança, alguns projetos em andamento já anteriormente iniciados - ai está: Abastecimento D’água da cidade, Calçamento, Postos de Saúde, Academia das Cidades, etc. e, especialmente a renegociação da dívida com o INSS – têm dificultado que Ronaldo mostre a própria cara, lançando seus próprios projetos, saldando suas próprias promessas de palanque.

                  Mas, sobretudo pela pressão e cobrança daqueles que estiveram diretamente na linha de frente de sua campanha, se acham no dever de serem reparados, como se no caso fossem merecedores de uma indenização. Isto ora através de funções pra si e os seus, ora através de contratos e serviços que talvez o município não precise ou não os suportam mais. E isso é tão comum por ai a fora.

                  Mais ainda, sabedor do estilo de vida e maneira de seu comportamento, é bem possível que não aceitará a imposição de alguns que teimam no estilo, que já não é mais permitido e tolerado, de perseguir e excluir àqueles que não lhes foram simpatizantes e, talvez, por quererem ocupar todos os cargos. No entanto tem cedido às pressões, por volta e meia, tem demostrado falta de pulso, principalmente dando última forma em suas decisões.

                   Muito embora quem ajudou a pegar no andor, quem empunhou e balançou a “bandeirinha”, quem se expôs, merece uma participação no governo, no mínimo que lhe seja ouvido e lhe tenha um pouco de consideração, pois é assim a prática de quem quer ou se envolve no poder. Caso contrário outras lutas virão e corre-se o risco destes não mais querer dividir o peso do andor. Daí só aumenta o drama de Ronaldo.

                   Há ainda e é bem provável que Ronaldo, e quem sabe seus familiares, estão todos os dias se perguntando: será que valeu a pena? Isso mesmo, quem tinha uma vida pacata e sossegada, cuidando de uma empresa sólida e organizada, que gozava de uma privilegiada vida privada, de repente se vê pressionado e até mesmo possa ter alguém que queira o ridicularizar, por algo que não possa está em condições de resolver.

                   Porém esse pode estar sendo o preço de promessas demagógicas e projetos um pouco irreais, que são normais em campanhas eleitorais, na ânsia da conquista do eleitorado. E, as desculpas apresentadas, sobretudo às categorias que reclamam por um emprego, cheiram a “conversa pra boi dormir”, que parecem fugir à realidade dos fatos. Se durante a campanha os discursos apregoavam que todos teriam espaço na administração, que resolvia todos os seus compromissos, agora, depois de empossado, a conversa não poderia jamais ser mudada. Por isso o drama!

                   O que se percebe também é que falta é um grupo que pense e aja como tal, não dando margem a tantas futricas e contratempo chegando ao conhecimento público. Podendo com isso desestabilizar uma administração que se propôs fazer grandes mudanças.  

                  De concreto o Prefeito Ronaldo não conhecia e nem devia saber o que ocorria na administração do município, pois sua área de atuação sempre fora outra, mas o fato é que nunca poderia ter feito às promessas que fez. No entanto, por outro lado, poderia não ter sensibilizado a massa.

               A verdade é que não se deva deixar transparecer, e que não se reflita no imaginário, especialmente, em particular, naqueles que acreditaram nas promessas, que tudo foi em vão e que o barco pode ir pró-brejo.              

               Espera-se que este drama seja inicial e passageiro. E que o Prefeito Ronaldo Ferreira apresse em mostrar sua cara, pois condições e vontade presumem-se não lhes falta. Assim o povo de Brejão poderá mais tarde fazer um julgamento justo.