Deu no Blog de Magno Martins: De volta para o futuro
A história rocambolesca do
fim do Bolsa Família, a sofreguidão do Planalto em asfixiar a candidatura
dissidente de Eduardo Campos, a oposição tirando vantagem da ameaça de CPI da
Petrobras.
Se o jogo sujo já está assim,
imagine-se em 2014, com Dilma disputando a reeleição, um dissidente vindo do
Nordeste, os votos de Minas se desgarrando para a oposição e Marina como Cristo
na Santa Ceia.
O cenário tem semelhanças
perturbadoras com o relato formidável, viciante, de 'Getúlio - Dos Anos de
Formação à Conquista do Poder', do jornalista e escritor Lira Neto.
Minucioso, muito bem
documentado, o autor nos induz 'de volta para o futuro'. Afora as guerras,
literais degolas, a retórica barroca e a precariedade dos transportes e da
comunicação, estão lá os ingredientes políticos de ontem e de hoje.
O peso do palácio (antes Catete,
agora Planalto), a lei do mais forte, dinheiro jorrando, traições, compra de
votos, chantagem, cooptação de governadores (ou presidentes estaduais) e
mentira, espionagem e contrapropaganda, dos jingles de então à sofisticação da
internet.
Encaixam-se bem aí a
boataria, o corre-corre e os saques desesperados do Bolsa Família, com os
eleitores à mercê de insinuações. Para Dilma, 'desumano'. Para Lula, 'gente do
mal'. Para Rui Falcão, 'terrorismo eleitoral'. O que vale é a versão, danem-se
os fatos. E o pior é que há versões e há fatos de todos os lados.
Em 2006, malas de dinheiro
dos 'aloprados' sacudiram a reeleição de Lula dias antes do primeiro turno, a
versão de que os tucanos privatizariam a Petrobras nocauteou Alckmin no
segundo. E o vale-tudo, desta vez, começou muito antes.
As semelhanças com
'Getúlio', ainda bem, terminam por aí. O Brasil não vive mais de um produto só
(o café), não há previsão de novo crash na Bolsa de NY e, afinal, estamos mais
civilizados. Nenhuma guerra à vista. Só a guerra eleitoral, que já é
suficientemente sangrenta. (* Folha de S.Paulo)
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