FRAGMENTOS VII (Da tragédia da seca) – Texto: Jesuito Bernardo
Jesuito Bernardo |
O nordeste vive mais uma vez um cenário de desolação e, por que não
dizer, desesperador, especialmente àqueles municípios afetados pela estiagem,
que segundo os estudiosos é uma das maiores dos últimos 50 anos. Não apenas as
carcaças de animais à beira das estradas e caminhos que denunciam todo este
estado de penúria e sofreguidão, mas também a marca da desesperança e tristeza
estampada no rosto daqueles que vivem do campo.
Esse sofrimento só
aumenta quando lhes chegam às notícias nada animadoras de que a estiagem teima
em continuar, e caso se confirme, com certeza será catastrófica, pois se hoje
conforme levantamento da Secretaria de Agricultura do Estado aponta para uma
redução de 72% na produção de leite, e mortalidade de 168.356 animais e o fim
da atividade em 17% das propriedades, então o que poderão esperar?
E por outro lado o
mais estarrecedor e deplorável são as ações e atitudes governamentais, primeiro
pela demora em agir, pois se sabiam que isto estava para acontecer e não foram
tomadas as devidas providências para o seu atenuamento e essencialmente as que
estão em andamento são consideradas tímidas, ineficácias e burocratas. Portanto
tornasse necessário e urgente que a sociedade e aqueles que são responsáveis
pela política agrícola do Estado se mobilizam, antes de uma deflagração de
indignação e revolta por parte de todos. Mesmo sabendo que o Estado tem dado um
pouco de atenção, mas diante do tamanho da gravidade alguns acham pouco. A
indignação maior é com o governo federal.
Embora nossos
homens que vivem dessa atividade têm um pouquinho de culpa, pois lhes falta um
melhor planejamento e cuidado, uma vez não ser e nem será novidade este estado
de coisas em nossa região, uma vez ser secular esses períodos de falta de
chuvas.
Anunciam-se
medidas emergenciais para resolver ou no mínimo minimizar o sofrimento daqueles
que assistem dia após dia perderem seu rebanho, e conseqüentemente, talvez a
única fonte de renda, dos que assistem ao fim de suas atividades agrícolas, porém
lamentavelmente quando a “chuva chegar”, o inverno normalizar, os nossos
governantes, assim como nós, esquecerão toda esta tragédia, até que haja outra,
ou outras...
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