segunda-feira, 1 de abril de 2013

FRAGMENTOS VII (Da tragédia da seca) – Texto: Jesuito Bernardo

Jesuito Bernardo

            O nordeste vive mais uma vez um cenário de desolação e, por que não dizer, desesperador, especialmente àqueles municípios afetados pela estiagem, que segundo os estudiosos é uma das maiores dos últimos 50 anos. Não apenas as carcaças de animais à beira das estradas e caminhos que denunciam todo este estado de penúria e sofreguidão, mas também a marca da desesperança e tristeza estampada no rosto daqueles que vivem do campo.

                 Esse sofrimento só aumenta quando lhes chegam às notícias nada animadoras de que a estiagem teima em continuar, e caso se confirme, com certeza será catastrófica, pois se hoje conforme levantamento da Secretaria de Agricultura do Estado aponta para uma redução de 72% na produção de leite, e mortalidade de 168.356 animais e o fim da atividade em 17% das propriedades, então o que poderão esperar?

               E por outro lado o mais estarrecedor e deplorável são as ações e atitudes governamentais, primeiro pela demora em agir, pois se sabiam que isto estava para acontecer e não foram tomadas as devidas providências para o seu atenuamento e essencialmente as que estão em andamento são consideradas tímidas, ineficácias e burocratas. Portanto tornasse necessário e urgente que a sociedade e aqueles que são responsáveis pela política agrícola do Estado se mobilizam, antes de uma deflagração de indignação e revolta por parte de todos. Mesmo sabendo que o Estado tem dado um pouco de atenção, mas diante do tamanho da gravidade alguns acham pouco. A indignação maior é com o governo federal. 

                Embora nossos homens que vivem dessa atividade têm um pouquinho de culpa, pois lhes falta um melhor planejamento e cuidado, uma vez não ser e nem será novidade este estado de coisas em nossa região, uma vez ser secular esses períodos de falta de chuvas.

                Anunciam-se medidas emergenciais para resolver ou no mínimo minimizar o sofrimento daqueles que assistem dia após dia perderem seu rebanho, e conseqüentemente, talvez a única fonte de renda, dos que assistem ao fim de suas atividades agrícolas, porém lamentavelmente quando a “chuva chegar”, o inverno normalizar, os nossos governantes, assim como nós, esquecerão toda esta tragédia, até que haja outra, ou outras...


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